Deve-se levar
para o Ano Novo de 2026 a mensagem que nos traz o Natal do Senhor. Nele a luz e
o canto anunciaram a alegria da nova vida, o sorriso encantador da esperança e
a certeza inefável da vitória. E tudo isto é, a um só tempo, simples e frágil,
grandioso e resplandecente. Resume-se no Verbo Encarnado: Cristo. Nosso
Salvador pode caber numa manjedoura! É surpreendente, insólito! Despojamento
assim alguém já viu? Quem nunca sentiu a força do amor? Ninguém, em lugar algum
do universo, pode proclamar notícia mais bela. O Emanuel, gente como nós, foi
gerado em uma jovem para dar sentido à vida, nascido num lugarejo para ocupar o
centro do mundo e da história. Transformou o cocho de uma estrebaria em berço
do Pão da Vida. Veio ao mundo numa noite fria e solitária para ser calor e elo
de todos. Nasceu na escuridão iluminada pelas estrelas para ser a Luz do mundo.
No silêncio da madrugada, em que apenas Maria e José entrelaçavam os olhares, foi
aclamado pelo canto dos anjos: “Glória a
Deus no mais alto dos céus e na terra paz a todos por ele amados” (Lc 2,
14).
Alvíssaras
sejam proclamadas, se no ano a iniciar, formos capazes de entender a mensagem
natalina e colocar em prática as palavras de Cristo, criando um mundo, no qual
haja lugar digno para todos: crianças, idosos, doentes, pobres e excluídos pela
sociedade. Só viverá a lição do Natal, quem for capaz de compreender que nosso
Deus é Amor, ternura, paz e misericórdia. No limiar do Ano Novo, ainda estamos
envolvidos pelos problemas, angústias, partidarismos absolutizados, ódio
disseminado, radicalismo compartilhado, crises e sonhos que marcaram o
Brasil e nosso estado.
Vale recordar
as palavras do profeta Isaías: “Como foi a
noite? O guarda responde: Chega o amanhecer” (Is 21, 12). Como será o Novo
Ano? Mesmo que tenhamos muitos planos, exaure-se a expectativa de sua
realização diante das incertezas do amanhã. O romper de um ano lança-nos sempre
um desafio, que só poderá ser respondido com a graça divina. Há um encontro e
confronto, em que nos deparamos com dúvidas e esperanças, o desconhecido e o
desejado. É o futuro cronológico do tempo dos homens, presente nas entranhas da
eternidade do Pai.
É lugar comum
desejar um feliz e próspero ano! Mas, não raro, isto soa como uma expressão
formal, fruto de etiquetas e boas maneiras. O augúrio de paz deve brotar da
sinceridade de nosso coração, arraigado na esperança de um esforço de todos
para levar à frente a construção de uma sociedade, onde reinem o respeito e a
fraternidade, descartado o ódio e sentidas as formas de dignidade humana. Isto
deve ser a grande razão de nossa alegria e efusão de nossos sentimentos, na
beleza dos fogos de artifício iluminando a noite e saudando o alvorecer do ano
que chega.
A Paz! Eis o
grande dom que devemos aspirar para nós. Queira Deus, recebamos, em todos os
dias de 2026, a bênção bíblica transmitida a Moisés e retomada por São
Francisco: “O Senhor te abençoe e te guarde. O Senhor faça resplandecer a sua face
sobre ti, e tenha misericórdia de ti. O Senhor levante sobre ti o seu rosto, e
te dê a sua Paz” (Nm 6, 24-26). Ao despontar de mais um ano,
rezemos para que o “fruto bendito do ventre de Maria” seja reconhecido e amado.
A Palavra por Ela gerada seja escutada e vivida. O amor por Ele pregado seja
compreendido e transmitido. O perdão trazido aos homens pela prodigalidade
divina seja repartido e imitado. A doçura e a misericórdia do Eterno substituam
a insensibilidade e o egoísmo. Assim, haveremos de sentir que teremos um ano de
graça e paz, que vêm de Jesus Cristo, o Salvador do Mundo. Para todos um Feliz
Ano Novo pródigo de Deus, de seu amor e graça. Meditemos, sobretudo na aurora
de 2026, que é igualmente o Dia Mundial da Paz, a mensagem de São Francisco: “Senhor, fazei de mim um instrumento de Vossa
Paz, onde houver ódio que eu leve o Amor!”
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