terça-feira, 30 de dezembro de 2025

Ano Novo, Dia Mundial da Paz

 


Padre João Medeiros Filho

Deve-se levar para o Ano Novo de 2026 a mensagem que nos traz o Natal do Senhor. Nele a luz e o canto anunciaram a alegria da nova vida, o sorriso encantador da esperança e a certeza inefável da vitória. E tudo isto é, a um só tempo, simples e frágil, grandioso e resplandecente. Resume-se no Verbo Encarnado: Cristo. Nosso Salvador pode caber numa manjedoura! É surpreendente, insólito! Despojamento assim alguém já viu? Quem nunca sentiu a força do amor? Ninguém, em lugar algum do universo, pode proclamar notícia mais bela. O Emanuel, gente como nós, foi gerado em uma jovem para dar sentido à vida, nascido num lugarejo para ocupar o centro do mundo e da história. Transformou o cocho de uma estrebaria em berço do Pão da Vida. Veio ao mundo numa noite fria e solitária para ser calor e elo de todos. Nasceu na escuridão iluminada pelas estrelas para ser a Luz do mundo. No silêncio da madrugada, em que apenas Maria e José entrelaçavam os olhares, foi aclamado pelo canto dos anjos: “Glória a Deus no mais alto dos céus e na terra paz a todos por ele amados” (Lc 2, 14).

Alvíssaras sejam proclamadas, se no ano a iniciar, formos capazes de entender a mensagem natalina e colocar em prática as palavras de Cristo, criando um mundo, no qual haja lugar digno para todos: crianças, idosos, doentes, pobres e excluídos pela sociedade. Só viverá a lição do Natal, quem for capaz de compreender que nosso Deus é Amor, ternura, paz e misericórdia. No limiar do Ano Novo, ainda estamos envolvidos pelos problemas, angústias, partidarismos absolutizados, ódio disseminado, radicalismo compartilhado, crises e sonhos que marcaram o Brasil e nosso estado.

Vale recordar as palavras do profeta Isaías: “Como foi a noite? O guarda responde: Chega o amanhecer” (Is 21, 12). Como será o Novo Ano? Mesmo que tenhamos muitos planos, exaure-se a expectativa de sua realização diante das incertezas do amanhã. O romper de um ano lança-nos sempre um desafio, que só poderá ser respondido com a graça divina. Há um encontro e confronto, em que nos deparamos com dúvidas e esperanças, o desconhecido e o desejado. É o futuro cronológico do tempo dos homens, presente nas entranhas da eternidade do Pai.

É lugar comum desejar um feliz e próspero ano! Mas, não raro, isto soa como uma expressão formal, fruto de etiquetas e boas maneiras. O augúrio de paz deve brotar da sinceridade de nosso coração, arraigado na esperança de um esforço de todos para levar à frente a construção de uma sociedade, onde reinem o respeito e a fraternidade, descartado o ódio e sentidas as formas de dignidade humana. Isto deve ser a grande razão de nossa alegria e efusão de nossos sentimentos, na beleza dos fogos de artifício iluminando a noite e saudando o alvorecer do ano que chega.

A Paz! Eis o grande dom que devemos aspirar para nós. Queira Deus, recebamos, em todos os dias de 2026, a bênção bíblica transmitida a Moisés e retomada por São Francisco: O Senhor te abençoe e te guarde. O Senhor faça resplandecer a sua face sobre ti, e tenha misericórdia de ti. O Senhor levante sobre ti o seu rosto, e te dê a sua Paz(Nm 6, 24-26). Ao despontar de mais um ano, rezemos para que o “fruto bendito do ventre de Maria” seja reconhecido e amado. A Palavra por Ela gerada seja escutada e vivida. O amor por Ele pregado seja compreendido e transmitido. O perdão trazido aos homens pela prodigalidade divina seja repartido e imitado. A doçura e a misericórdia do Eterno substituam a insensibilidade e o egoísmo. Assim, haveremos de sentir que teremos um ano de graça e paz, que vêm de Jesus Cristo, o Salvador do Mundo. Para todos um Feliz Ano Novo pródigo de Deus, de seu amor e graça. Meditemos, sobretudo na aurora de 2026, que é igualmente o Dia Mundial da Paz, a mensagem de São Francisco: “Senhor, fazei de mim um instrumento de Vossa Paz, onde houver ódio que eu leve o Amor!

Nenhum comentário:

Postar um comentário