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Acusações de enriquecimento ilícito, exibição de artigos de luxo e até uma cirurgia plástica não declarada minaram a imagem da presidente do Peru, Dina Boluarte, que enfrentou uma sucessão de investigações e crises durante seu mandato.
Envolvida no chamado “Rolexgate” — o escândalo dos relógios de luxo — e suspeita de abandonar o cargo para realizar uma rinoplastia, Boluarte acabou destituída do cargo na madrugada desta sexta-feira pelo Congresso sob a acusação de “incapacidade moral permanente”, após meses de desgaste político.
Em abril de 2024, o programa peruano La Encerrona revelou que Boluarte possuía uma coleção de relógios de luxo da marca Rolex e joias avaliadas em dezenas de milhares de dólares. As imagens da presidente usando os acessórios em eventos oficiais levaram o Ministério Público a abrir uma investigação por enriquecimento ilícito e omissão patrimonial.
Segundo o jornal britânico The Guardian, os modelos custavam entre US$ 14 mil e US$ 25 mil (algo entre R$ 70 mil e R$ 130 mil, na cotação atual) cada, valor incompatível com a renda declarada da mandatária. A polícia chegou a realizar uma operação de busca e apreensão em sua residência e no Palácio de Governo, que resultou na apreensão de oito relógios de menor valor — mas os modelos Rolex não foram localizados na ocasião.
À época, Boluarte alegou que os relógios haviam sido “emprestados” por um governador regional — e que já os teria devolvido.
Bolsas e outros artigos de luxo
Além dos relógios, a imprensa local e internacional apontou o uso de bolsas e joias de grife por Boluarte, sem registro em suas declarações de bens. O padrão de vida exibido pela presidente contrastava com o discurso de austeridade de seu governo, aprofundando o abismo entre o Palácio e a população em meio à crise social e econômica.
Em outro episódio, o Ministério Público abriu investigação sobre uma cirurgia no nariz à qual Boluarte teria se submetido sem comunicar o Congresso, o que poderia configurar abandono temporário de cargo, segundo a rede americana CNN. A presidente justificou o procedimento como “um tratamento médico pessoal”, mas a oposição acusou-a de se ausentar de suas funções em um momento de instabilidade no país.
Fonte: O Globo
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