ARTIGO
A manchete logo será esquecida, engolida pelo turbilhão de notícias que nos acostumamos a consumir sem sequer sentir indignação. Amanhã ou depois, um novo crime chocante ocupará o lugar do de ontem, e a cidade seguirá vivendo no piloto automático da insegurança. Mas a pergunta que ecoa é: até quando?
Os números da violência no Rio Grande do Norte oscilam conforme os interesses do governo de plantão. De um lado, as autoridades divulgam estatísticas apontando redução nos homicídios. Do outro, a população sente na pele – e às vezes na bala – que a insegurança não está diminuindo, apenas se transformando.
E onde está a resposta do poder público? No discurso. Na promessa de reforço policial. Em operações midiáticas que duram alguns dias e logo desaparecem. Enquanto isso, o cidadão comum tenta se proteger como pode, vivendo entre muros altos, câmeras de segurança e orações. Ao bem da verdade sabemos que o déficit na policia civil e militar é enorme. Não temos contingente para atender o estado com eficiência.
Talvez o pior de tudo seja a normalização da barbárie. Antigamente, uma execução a tiros em plena rua provocaria revolta. Hoje, gera apenas um comentário breve antes de seguirmos para o próximo vídeo do Instagram. O medo virou rotina e o horror perdeu o impacto.
O problema da violência não se resolve com operações pontuais nem com discursos vazios. Ele nasce da impunidade, da infiltração do crime nas instituições e da falta de políticas de segurança pública efetivas. Mas enquanto os responsáveis fingem que governam, a população segue como refém, caminhando de cabeça baixa e olhando por cima do ombro.
Natal, antes chamada de “Noiva do Sol”, hoje vive como viúva da paz.
O crime tomou conta do RN. E se nada mudar, amanhã pode ser eu, pode ser você.
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