O então governador de PE, Marco Maciel, visita Natal. Á frente, o ex-vereador falecido Ney Júnior, com 10 anos de idade.
Ney Lopes
Hoje, 6, o conceituado jornalista pernambucano Magno Martins lança em Natal o livro “O Estilo Marco Maciel”, às 18 horas, na Academia de Letras do Rio Grande do Norte, presidida pelo ilustre advogado Diógenes da Cunha Lima.
É a oportunidade do nosso estado prestar homenagem póstuma a um homem público, competente e ético, que militou na política brasileira.
Convido todos que possam comparecer e prestigiar o lançamento.
Ao saberem desse evento, dois amigos de tradição e conceito no RN, enviaram-se mensagens, que resumem a biografia de Marco Maciel.
O ex-deputado Kleber Bezerra escreveu: “foi um político competente e sério, que honrou Pernambuco e o Brasil”.
O professor e ex-secretário de educação do Estado, Dalton Andrade, declarou:
“Vendo os políticos que temos hoje aumenta o contraste. D’água para o vinho. Marco Maciel foi um político que deixa marcas”.
Tomei-me de profundo sentimento de dor, quando ao amanhecer do sábado, 12 de junho de 2021, recebi a informação do velho companheiro de jornalismo Anchieta Hélcias, que dizia: “acaba de falecer na madrugada o seu amigo Marco Maciel”.
Partira para a Eternidade um grande amigo.
Conheci-o desde quando ele presidiu a União dos Estudantes de Pernambuco, eleito diretamente pelos estudantes, com 70% dos votos.
Na época, só havia no Brasil uma UEE (União Estadual de Estudantes) em oposição à UNE: a de Pernambuco, presidida pelo católico e liberal Marco Antônio Maciel.
Na mesma época (1964), fui candidato à presidência do Diretório Amaro Cavalcanti, na Faculdade de Direito de Natal.
Com chances de vitória, renunciei a disputa, em solidariedade e protesto pela deflagração do movimento militar de 1964, que aplicou medidas repressivas contra o meu então concorrente, Nei Leandro de Castro e ameaçou os líderes estudantis, que tentavam organizar um ato de protesto, nas instalações do "Restaurante Universitário", na av. Deodoro, em Natal.
Tropas do Exército, em uniforme de campanha, isolaram a área e impediram o encontro.
Entre os líderes universitários ameaçados estavam João Faustino Ferreira Neto, Heriberto Campos, Francisco Floripe Ginani, advogados Guaracy Oliveira e Paulo Francinete de Oliveira.
Dias depois, foram todos presos.
Em Brasília, como deputado federal no Rio Grande do Norte, em 1975, fui vizinho de Marco Maciel.
O Fluminense, uma paixão dele e minha, uniu-nos nas tardes de domingo para assistirmos aos jogos no Maracanã, com imagem de TV ainda branco e preta.
Eleito por expressiva votação, as lideranças tradicionais do RN nunca me perdoaram, pois cada uma delas tinha um filho também iniciante na política.
Marco Maciel testemunhou algumas dessas manifestações de violência política que sofri.
Ele tinha cargo relevante no partido.
Convidou-me para participar de um programa de TV e rádio, transmitido para todo o país, ao lado dele próprio e dos deputados Francelino Pereira, Zezinho Bonifácio (líder à época) e outros de destaque na política nacional.
A inveja recrudesceu violentamente contra mim.
As lideranças do RN, incontidas, fizeram diretamente a Marco Maciel protestos contra a minha participação no programa de TV.
Certamente, temiam a minha participação no Congresso Nacional.
Por saber que tudo era perseguição política no estado, meses depois Marco me indicou como membro efetivo do Diretório Nacional do partido a que pertencíamos.
Disse que era um prêmio pela minha atuação parlamentar.
Vieram novos protestos do RN.
Observe-se que, à época, nem os órgãos revolucionários (CGI, por exemplo) formularam acusações contra a minha conduta pública.
O meu pecado era ser originário de uma família humilde, sem tradições ou poder econômico, e ter conseguido uma vaga no clube fechado de deputados federais do Estado.
Além disso, estava me afirmando como parlamentar.
Era vítima apenas de uma terrível chantagem jornalística, com denuncias absolutamente inverossímeis, que procuravam atingir os amigos e o ex-governador Cortez Pereira, de quem fui auxiliar e que faleceu sem nehuma mácula na sua vida honrada.
Hoje é unânime o reconhecimento de que Cortez e Aluízio Alves, ambos cassados pela Revolução, sem direito de defesa, foram os governadores mais criativos e competentes do RN;
Os anos se passaram e Marco Maciel foi indicado vice-presidente da República, que mereceu do presidente FHC a expressão de que ele era o “vice dos sonhos”, pela sua discrição e lealdade.
Por justiça, Ana Maria Maciel deve ser tida como exemplo da “primeira dama dos sonhos” pela sua postura sóbria, durante as 86 vezes em que Marco Maciel substituiu FHC na presidência da República.
Essa figura única da política nacional pode ser sintetizada pela sabedoria do deputado Ulysses Guimarães, ao definir a missão do político:
“O homem público é o cidadão de tempo inteiro, de quem as circunstâncias exigem o sacrifício da liberdade pessoal, mas a quem o destino oferece a mais confortadora das recompensas: a de servir à Nação em sua grandeza e projeção na eternidade”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário