segunda-feira, 2 de outubro de 2023

ANÁLISE: "O PAÍS ONDE HUMANOS E ELEFANTES SE ENCONTRAM"

 


  Elefante enfurecido investe contra multidão durante um desfile no Sri Lanka

Ney Lopes

Em pleno século XXI, humanos e elefantes se enfrentam de forma intensa, causando mortes em ambos os lados, todos os anos.

Esse conflito é no Sri Lanka, uma ilha do Oceano Índico, com mais de 22 milhões de pessoas, onde os elefantes são o grande símbolo e chamariz turístico.

O governo se esforça para encontrar um equilíbrio entre suas populações humanas e de elefantes.

O meio para manter humanos e elefantes distanciados tem sido separar os animais das áreas habitadas pelo homem para “áreas florestais protegidas”.

O modo de separação é primitivo, através de gritos, acender fogos de artifício e atirar.

Entretanto, o problema vem se agravando.

As autoridades alocam terras para projetos de desenvolvimento e outras atividades, como a agricultura, em áreas já habitadas por elefantes.

Esses “habitats” de elfantes transformam-se em cidades, aldeias, arrozais, cultivos, portos, aeroportos e estádios.

A consequência é que 70% da área de distribuição de elefantes está dentro de zonas onde os humanos vivem.

Estudos identificaram que muitos elefantes levados para áreas protegidas não ficam lá, mas retornam aos seus locais originais.

Isto fez com o que o governo construisse cercas elétricas, ao redor dos limites das áreas protegidas.

As cercas elétricas têm sido ineficazes para impedir que elefantes entrem em aldeias e fazendas.

Tais cercas também levaram à perda de vidas humanas e elefantes.

O Sri Lanka registrou pelo menos uma morte de elefante por dia, no primeiro trimestre de 2023, quase metade delas devido a causas humanas, colocando o país a caminho de um número recorde de mortos por conflito entre humanos e elefantes.

A previsão é que até 70% dos elefantes selvagens podem morrer, salvo se medidas eficazes sejam adotadas, com urgência.

Sentindo-se ameaçados nessas áreas protegidas, os animais têm comportamentos agressivos com os humanos.

A melhor solução seria “proteger as pessoas e deixar os elefantes onde estão.

Isto evitaria a entrada de manadas em aldeias e fazendas, que levam à perda de vidas humanas e de elefantes.

Os elefantes têm importância simbólica, cultural e econômica no Sri Lanka.

Atraem turistas que visitam parques nacionais para observá-los na natureza.

Eles apoiam as operações madeireiras, arrastando troncos derrubados e têm um significado especial em eventos religiosos.

Estima-se que existam cerca de 6.000 elefantes selvagens no Sri Lanka.

Isso significa que há um tesouro no valor de mais de R$ 23,4 bilhões (R$ 128 milhões) na natureza

Desde tempos imemoriais, viajantes de tempos passados e turistas modernos ficaram fascinados com os elefantes do Sri Lanka.

Hoje, a vida selvagem, e eles  em particular, são componentes importantes do portfólio de produtos do turismo do Sri Lanka.

As mortes de elefantes aumentam constantemente e, no ano passado, ultrapassaram as 400.

Isso significa que um elefante morre todos os dias.

Ao mesmo tempo, cerca de 80-90 humanos também perdem a vida devido a brigas com elefantes selvagens.

Tais estatisticas desastrosas para o Sri Lanka, fazem com que, além das perdas das espécies animais, o turismo se torne lento e possa até desparecer, com grande prejuízo econômico para o país.

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