Ney Lopes
A Argentina segue em altos e baixos.
O país mergulhado na mais grave crise econômica de sua história, irá escolher em segundo turno o novo presidente da república, no dia 19 de novembro.
Na ultradireita, Javier Milei.
Pulando entre o centro e a esquerda, Sergio Tomás Massa, ministro da economia do atual governo.
Essa situação confusa, lembra o clássico do cinema: Alice no País das Maravilhas.
O eleitor na encruzilhada de não saber em quem votar, age como Alice quando teve dúvidas sobre o caminho a seguir na floresta e perguntou a um gato: "O senhor poderia me dizer, por favor, que caminho devo tomar? O gato respondeu: “ Isso depende muito! Para onde você quer ir? ”.
O eleitor está tonto, em razão das duas opções de nomes apresentados, ambos extremados.
Precisará definir, que rumo deverá tomar o seu país.
Hoje, analisemos quem é Javier Milei, de 52 anos.
Depois, faremos o mesmo com Sergio Tomás Massa.
Histriônico, desalinhado, Milei manifesta sua fúria antiestablishment no debate político.
Diante das agonias econômicas, busca atrair a frustração pública de uma sociedade cansada da política.
Filho de uma dona de casa e de um motorista de ônibus, Milei, nasceu e cresceu em um lar violento em Buenos Aires.
Os seus pais o criaram entre espancamentos e abusos verbais.
Milei lembra que, em 2 de abril de 1982, assistiu pela televisão o presidente de fato Leopoldo Galtieri anunciar o desembarque de tropas argentinas nas Ilhas Malvinas/Falklands, sob controle do Reino Unido, o que marcou o início de uma guerra que tirou a vida de 655 combatentes argentinos e 255 militares britânicos.
Ele tinha apenas 11 anos e disse a seu pai que a decisão do governo militar lhe parecia um "delírio" devido à desigualdade de forças entre os exércitos.
"Meu pai teve um acesso de fúria. Ele começou a me bater. Ele me chutou pela cozinha", lembrou Milei em uma entrevista.
“Para mim eles estão mortos”, costuma repetir sobre seus pais.
Milei chegou ao Congresso argentino, em novembro de 2021.
Não apresentou nenhum projeto e sorteia todos os salários entre seus seguidores.
Apoiadores fiéis aplaudem os dois gestos.
Economista com graduação e mestrado em universidades privadas de Buenos Aires, Milei defendeu a mão forte contra o crime e impôs o debate sobre a dolarização diante da inflação vertiginosa, assim como também fez prevalecer a discussão sobre o ajuste dos gastos públicos.
O economista ultraliberal já afirmou, entre outras coisas, que deseja queimar o Banco Central "vai acabar com a inflação", que a venda de órgãos pode ser "mais um mercado" e que os políticos "devem levar um chute na bunda".
Javier Milei é um orador que grita no palco; dorme com oito cachorros e sua irmã.
Milei foi assessor do general Antonio Bussi, militar governador da província de Tucumán, durante a ditadura.
Trabalhou na empresa que administra a maioria dos aeroportos argentinos.
Seu então patrão, Eduardo Eurnekian, um dos homens mais ricos do país, também é dono da emissora de televisão em que Milei atuou como apresentador.
Mais de seis milhões de pessoas apoiaram as propostas que Milei descreve como "libertárias" e "anarco-capitalistas", incluindo a dolarização da economia, através de uma "competição livre de moedas", a eliminação do Banco Central e a drástica redução do tamanho do Estado com a eliminação de ministérios, obras públicas e privatização de empresas estatais.
Na imprensa, Milei tem sido comparado várias vezes ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. "Minha afinidade com Trump e Bolsonaro é quase natural", disse em relação ao líder norte-americano e ao ex-presidente do Brasil.
Caso seja eleito presidente, já afirmou que se distanciará da China, país que investiu consideravelmente na Argentina nos últimos anos, e do Brasil, já que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva é de esquerda.
Se Milei vencer no segundo turno, ele se tornará o primeiro economista a chegar à Casa Rosada, um fato significativo em país que já foi um dos mais ricos do mundo, mas que há anos sofre com uma inflação anual de 140% e com 40% da população abaixo da linha de pobreza.
Milei não tem filhos e nunca conviveu com um parceiro ou parceira.
As únicas namoradas conhecidas são personalidades famosas no mundo do entretenimento: a cantora Daniela Pérez e a humorista Fátima Flórez, com quem anunciou um relacionamento algumas semanas após sua vitória nas primárias de agosto passado.
Este é o perfil resumido de Javier Milei, direitista, que disputa a presidência argentina.
Proximamente faremos o perfil de Sergio Tomás Massa, o candidato da esquerda.
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