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Às vésperas da 26ª edição da Conferência das Partes (COP), que integra a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, as organizações de jornalismo Gênero e Número e Instituto Modefica destacam como as mudanças climáticas têm impactado a vida das mulheres no semiárido do nordeste brasileiro.
A série de quatro reportagens, assinadas por Vitória Régia da Silva e com análise de dados de Flávia Bozza Martins, busca promover o jornalismo climático com uma perspectiva interseccional que, portanto, considere questões de gênero e raça na cobertura do tema. Nesse sentido, o esforço dos veículos ao lançar a reportagem no marco da COP26 é destacar a importância de uma agenda de justiça climática nos órgãos de cooperação internacional e capaz de endereçar os problemas de ordem humanitária engendrados pelas alterações do clima.
Algo bastante importante trazido pelas série de reportagens é o impacto do abandono do Programa de Cisternas (programa do Governo Federal destinado à instalação de equipamentos com capacidade de 16 mil litros para acumular água da chuva que, desde 2003, têm sido fundamentais para o desenvolvimento da agricultura familiar em diversas regiões do semiárido), e como isso afetou o trabalho das mulheres, majoritariamente negras, as principais beneficiadas pelo programa. Com o aumento das temperaturas e da desertificação, o abandono do programa pela gestão Bolsonaro aconteceu no pior momento possível.
Outro destaque da série é a história das artesãs do Cariré, município do sertão cearense. Essas mulheres trabalham com a palha da carnaúba e têm sentido a alteração climática não só porque a chuva tem sido presente na época da colheita e da secagem no sol, como também porque, no calor extremo, a palha quebra fácil e dificulta o trabalho das artesãs, tornando o ritmo de produção mais lento. A reportagem mostra, porém, que as alterações climáticas não são o único desafio para as mulheres: o machismo e o descaso do poder público aparecem como complemento.
Em Pernambuco, a série traz o depoimento da professora, agricultora familiar e liderança quilombola Maria José de Souza Silva, do quilombo Feijão e Posse. Ela alerta sobre como a variação extrema no clima pode colocar em xeque comunidades como seu quilombo, que trabalham com conhecimentos milenares e ancestrais, como a agroecologia, além de comprometer a segurança alimentar da comunidade:
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