terça-feira, 23 de dezembro de 2025

MENSAGEM NATALINA DE 2025

 


          Padre João Medeiros Filho

Quem não se vê impulsionado à oração, diante de um presépio, ao contemplar o Deus-Menino, reclinado numa manjedoura, sob o olhar extasiado de Maria e José, admirando a Criança? Quem não se deixa enternecer ao sentir o silêncio da noite, quebrado apenas pelos acordes angelicais, suaves como as canções de ninar? Acolhamos o Príncipe da Paz, que é Jesus Cristo, o Filho de Deus e Salvador da humanidade.

Encarnando-se, o Verbo Divino aceitou a nossa limitação, optando por nossa existência a fim de nos arrancar da pobreza, enriquecendo-nos de sua Vida. O Infinito tornando-se humano valorizou a matéria da qual somos plasmados. E como se não bastassem amor e poesia indescritíveis, a vinda do Salvador ao mundo foi perpetuada pela Eucaristia, sacramento da presença cotidiana de Jesus. Cada ano celebra-se o memorial das incontáveis vezes em que o Menino-Deus nasce em nós, nos singelos e silenciosos natais, manifestando sua admirável ternura. O Natal é também o homem renascido em Cristo e revestido do mistério da divindade.

Tanto no Natal, quanto na Eucaristia, Deus se fez pequeno. Infelizmente, na atualidade, muitos julgam-se grandes. O Filho de Deus não escolheu nenhuma manifestação de poder. Nasceu humilde, despojado e incógnito. Mas, no Brasil de hoje, vive-se um período de arrogância, prepotência, radicalismo e conveniências ideológicas. Revela-se na contramão da mensagem cristã, que consiste na Paz. Atualmente, reina a civilização do medo e da angústia. Entretanto, o Anjo do Senhor fez o precônio da tranquilidade: “Não tenhais medo. Hoje nasceu para vós o Salvador” (Lc 2, 10-11).

Qual incrédulo, que tendo um coração sincero e um espírito desarmado, não passaria a crer, ao ouvir na liturgia natalina a proclamação da misericórdia de Deus?  Sendo ilimitado na grandeza, tornou-se pequeno para entrar nas estreitezas humanas, só por amor. Talvez tenha sido este o sentimento que mais tocava a minha alma de jovem, quando ouvia, nas noites frias e nevadas, na abadia de Mont-César, em Louvain (Bélgica), o coro cantando em gregoriano e latim, referindo-se à Mãe do Salvador: “Quia quem coeli capere non poterant, tuo gremio contulisti!” (Aquele que os céus não podem conter, o teu seio de Mãe abrigou).

Feliz e abençoado Natal para todos. E que o Menino Jesus venha habitar o coração e o lar de cada um, trazendo a paz e a alegria que só Deus é capaz de nos conceder. Maria Santíssima, Mãe do Salvador, possa pedir a seu Filho, um copioso inverno no próximo ano. Um abraço de Padre João Medeiros Filho e seus familiares.

Emaús (Parnamirim), 24 de dezembro de 2025.

Padre João Medeiros Filho

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