Quem não se vê impulsionado à oração, diante de um
presépio, ao contemplar o Deus-Menino, reclinado numa manjedoura, sob o olhar
extasiado de Maria e José, admirando a Criança? Quem não se deixa enternecer ao
sentir o silêncio da noite, quebrado apenas pelos acordes angelicais,
suaves como as canções de ninar? Acolhamos o Príncipe da Paz, que é Jesus Cristo, o Filho de Deus e Salvador da
humanidade.
Encarnando-se,
o Verbo Divino aceitou a nossa limitação, optando por nossa existência a fim de
nos arrancar da pobreza, enriquecendo-nos de sua Vida. O Infinito tornando-se
humano valorizou a matéria da qual somos plasmados. E como se não bastassem
amor e poesia indescritíveis, a vinda do Salvador ao mundo foi perpetuada pela
Eucaristia, sacramento da presença cotidiana de Jesus. Cada ano celebra-se o
memorial das incontáveis vezes em que o Menino-Deus nasce em nós, nos singelos
e silenciosos natais, manifestando sua admirável ternura. O Natal é também o
homem renascido em Cristo e revestido do mistério da divindade.
Tanto no Natal, quanto na Eucaristia, Deus se fez pequeno.
Infelizmente, na atualidade, muitos julgam-se grandes. O Filho de Deus não escolheu
nenhuma manifestação de poder. Nasceu humilde, despojado e incógnito. Mas, no
Brasil de hoje, vive-se um período de arrogância, prepotência, radicalismo e
conveniências ideológicas. Revela-se na contramão da mensagem cristã, que
consiste na Paz. Atualmente, reina a civilização do medo e da angústia. Entretanto,
o Anjo do Senhor fez o precônio da tranquilidade:
“Não tenhais medo. Hoje nasceu para vós o
Salvador” (Lc 2, 10-11).
Qual incrédulo, que tendo um coração
sincero e um espírito desarmado, não passaria a crer, ao ouvir na liturgia
natalina a proclamação da misericórdia de Deus? Sendo ilimitado na grandeza, tornou-se pequeno
para entrar nas estreitezas humanas, só por amor. Talvez tenha sido este o
sentimento que mais tocava a minha alma de jovem, quando ouvia, nas noites
frias e nevadas, na abadia de Mont-César, em Louvain (Bélgica), o coro cantando
em gregoriano e latim, referindo-se à Mãe do Salvador: “Quia quem coeli capere non poterant, tuo gremio contulisti!” (Aquele
que os céus não podem conter, o teu seio de Mãe abrigou).
Feliz e abençoado
Natal para todos. E que o Menino Jesus venha habitar o coração e o lar de cada
um, trazendo a paz e a alegria que só Deus é capaz de nos conceder. Maria
Santíssima, Mãe do Salvador, possa pedir a seu Filho, um copioso inverno no
próximo ano. Um abraço de Padre João Medeiros Filho e seus familiares.
Emaús
(Parnamirim), 24 de dezembro de 2025.
Padre
João Medeiros Filho
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