Começa a surgir no Seridó um movimento defendendo a mudança do nome da Barragem de Oiticica para Barragem Dom José Delgado. A proposta visa fazer justiça ao papel fundamental do então bispo de Caicó na década de 1950, que foi o primeiro a articular junto ao Governo Federal a construção do reservatório, hoje considerado uma das maiores obras hídricas do Rio Grande do Norte.
O reconhecimento tem como base relatos históricos como o do padre João Medeiros Filho, que detalha a atuação de Dom Delgado ainda em 1951, ano marcado por uma intensa estiagem no Nordeste. Sensível à realidade do povo sertanejo, Dom Delgado reuniu lideranças políticas e sugeriu que, ao invés de paliativos, se propusesse ao Governo Federal a construção de uma barragem na região de Barra de Santana, aproveitando as águas do rio Piranhas-Açu.
Mesmo prestes a assumir a Arquidiocese de São Luís (MA), Dom Delgado articulou pessoalmente o projeto: visitou José Américo de Almeida, então coordenador nacional do Programa de Combate às Secas, conversou com o vice-presidente Café Filho e outras figuras influentes da época, como Tristão de Athayde. Essas ações culminaram no ato federal que autorizou a obra, cuja execução ficou sob responsabilidade do engenheiro Clóvis Gonçalves dos Santos.
Apesar de a Assembleia Legislativa do RN ter aprovado anos atrás o nome de Governador Iberê Ferreira de Souza para o reservatório, movimentos sociais e instituições do Seridó não descartam mobilizações para mudar oficialmente a nomenclatura da barragem, resgatando o papel de Dom José Delgado como verdadeiro protagonista dessa conquista histórica.
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