Ney Lopes
O ex-presidente Bolsonaro, no seu conhecido estilo de não medir as palavras, afirmou em entrevista à revista VEJA, que só ele no campo da direita “teria chances de vitória na eleição de 2026 ao Palácio do Planalto, quando o presidente Lula (PT) poderá disputar a reeleição”.
Bolsonaro foi mais adiante ao dizer que "Falam em vários nomes, Tarcísio, Caiado, Zema… O Tarcísio é um baita gestor. Mas eu só falo depois de enterrado. Estou vivo. Com todo o respeito, chance só tenho eu, o resto não tem nome nacional. O candidato sou eu."
O papel de um líder, nas condições em que está Bolsonaro, é conduzir o seu grupo, avaliando o risco político de situações, que possam provocar prejuízos ou desgastes.
No caso específico de suas últimas declarações, de uma só vez, Bolsonaro atingiu companheiros do seu sistema, que aspiram a candidatura a Presidente; a direção do seu partido – o PL – a quem caberia conduzir o pré processo eleitoral; demonstra autossuficiência e desconhece que poderá “irritar” os seus julgadores, ao dar como “favas contadas” a revogação de sua inelegibilidade.
Trocando em miúdos: Bolsonaro somente perdeu, ao tratar de um assunto, que naturalmente conduziria ao seu nome como candidato em 2026, se revogada a inelegibilidade.
Observe-se que essa revogação pelo STF dificilmente acontecerá (opinião pessoal).
Outro ponto, que merece reflexão, embora a “linha dura” bolsonarista não aceite, é que a eleição mostrou a rejeição popular ao radicalismo, quer seja de direita, ou esquerda.
Forma-se no país uma nova visão política de centro-direita e centro-esquerda, que rejeita os extremismos e opta pelo bem senso.
Posição agressiva assumiu o ex-presidente, ao “escantear” seus correligionários pré-candidatos à presidência, dizendo que só ele tem chances e o que o “resto” não tem nome nacional.
É o caso de indagar: em 2018, Bolsonaro era nome nacional, quando se lançou candidato a presidente, como simples Capitão reformado do Exército, que entrou na política conhecido por atos de insubordinação, no final dos anos 1980?
Claro que não.
Por que agora um candidato novo e qualificado não poderia crescer durante a campanha, mostrando propostas e inovações?
As declarações de Bolsonaro demonstraram, que ele coloca a eleição de 2026 “começando com ele e terminando nele”, não havendo lugar na disputa presidencial para mais ninguém no seu segmento partidário.
Heródoto, historiador grego que viveu no século V a.C, já falava que “a precipitação é a mãe do fracasso”.
É o caso de dizer, que a afoiteza na política pode até ir mais rápido, mas não significa que vai mais longe.
Resta aguardar, o desdobramento dos acontecimentos.
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