quinta-feira, 19 de setembro de 2024

Proprietária do Camarões faz desabafo a respeito da derrota para Coco Bambu no STJ

 


CRÉDITOS, REPRODUÇÃO.


A empresária Clara Bezerra, proprietária do restaurante Camarões, desabafou em uma "carta aberta" publicada em suas redes sociais após a derrota sofrida no STJ.  Clara é filha do fundador do restaurante, falecido devido a um câncer.

A 4ª turma do STJ rejeitou, por unanimidade, o recurso do Grupo Camarões contra a rede de restaurantes Coco Bambu, confirmando que não houve prática de concorrência desleal.  O Grupo Camarões ingressou com a ação judicial alegando que a rede Coco Bambu estaria copiando sua identidade visual, conhecida como trade dress, e aliciando seus funcionários.

Confira a íntegra da carta publicada:

Já estava escrito que 17/09 seria um dia BEM triste. Eu deveria estar no consultório confirmando a perda do bebê, mas pedi à recepcionista que passasse minha vez, pois precisava acompanhar aquele julgamento. 15 anos se passaram e quis o destino que essas perdas fossem dolorosamente simultâneas.

A justiça modificou o entendimento anterior e esclareceu que ali não havia nada errado. O outro indagava convicto: “Que loucura é essa da cabeça de vocês? Que soberba supor que nossa origem tem a ver com vocês? Sua marca é extremamente fraca!” Loucura mesmo.

Só porquê uns funcionários daí vieram pra cá? Só porquê eu tinha as receitas que você achava que eram suas? Só porquê usei as travessas que você usava, minha arquitetura lembrava a sua e o meu uniforme o seu? Só porquê usei uns descritivos dos pratos que você, Clara, redigiu? Só porquê alguns clientes estavam confusos? Ou porquê utilizei também o seu nome e sua marca? Mas olha, logo depois eu mudei TUDO e segui crescendo. Olha o que eu me tornei, olha meu tamanho! Como assim esse mérito não é só meu? Que devaneio achar que isso tem a ver com vocês, seus nanicos! Parabéns, Brasil. Você não perdoa mesmo os amadores.

Essa história poderá ser contada como uma derrota nos contos empresariais, mas será orgulhosamente lembrada por quem vivenciou os fatos e a verdade do lado ético. E qual o peso disso, Clara? Depende. Depende do que seus pais lhe ensinaram que mais vale.

Paizinho, que triste não poder lhe abraçar HOJE. Que saudade! Que dor! Por tudo que sofremos juntos, que tristeza! Mas que ORGULHO saber que você construiu isso. Modelo que seria tão inspirador, copiado, estudado, testado, validado e até esgotado Brasil afora. Chamaram de modelo fraco, sem proteção, sem originalidade, nada autoral e olha isso, pai. 35 anos depois, quanta gente grande inspirada em você! Mas por que danado você seguiu pequeno? Orgulho maior foi ter aprendido que sucesso e grandeza não podem ser medidos pela régua dos outros.

Nesse momento de dor, receba seu quase netinho aí no céu. Vamos saborear o amargor das perdas momentâneas com o coração aliviado de quem jogou limpo a vida toda. Página quase virada, pai. Te amo e te honraremos sempre.

 
 

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