domingo, 8 de setembro de 2024

ANÁLISE: “COMÍCIOS” NA ESPLANADA E AVENIDA PAULISTA


 Ney Lopes

O 7 de setembro de 2024 teve imagem mais política, do que cívica. Reuniu em praças públicas os dois maiores líderes do Brasil: Bolsonaro e Lula. Não há dúvida de que atualmente a política brasileira gira em torno dos dois. Bolsonaro atingiu elevado índice de popularidade e está no mesmo patamar de Lula. Para alguns, diante de desgastes do governo, Bolsonaro já supera Lula em liderança carismática no país, tendo em vista a sua notória liderança, que mobiliza milhares de pessoas, mesmo estado fora do governo.

As comemorações do 7 de setembro este ano – São Paulo e Brasília - transformaram-se em manifestações de caráter político. Foram totalmente desvirtuadas e caracterizaram verdadeiros “comícios” pró Lula e pró Bolsonaro.  

Em Brasília, o convite presidencial e a presença do ministro Alexandre Moraes, posicionado na primeira fila da tribuna de autoridades no palanque central, ao lado de Lula, evidenciaram atos de preferência política. O presidente distinguiu um personagem, que na atualidade brasileira contesta abertamente o ex-presidente Bolsonaro e seus seguidores. Além da presença na Esplanada dos ministérios, o ministro Moraes compareceu ao churrasco da Granja do Torto oferecido pela Presidência a convidados especiais, após o desfile.

Em São Paulo, o clima político era natural. A concentração teve esse objetivo, além de homenagear o 7 de setembro.

Embora tudo tenha transcorrido dentro da normalidade foram fenômenos atípicos e preocupantes para a democracia brasileira. Nunca, nunca, no Brasil o STF se transformou em “comitê político” como é visto na atualidade. Independente de posição política, olhando-se o Supremo sabe-se de que lado político está posicionado o ministro. Até os votos são conhecidos antecipadamente, diante da preferência política do relator.

O Brasil não poderá conviver com essa realidade por muito tempo. É uma forma de corroer as instituições pela insegurança jurídica que é propagada. Há questões jurídicas em aberto, cuja demora na decisão do STF tem colaborado para inquietudes. Espanta o poder quase absoluto do ministro Alexandre de Moraes. Ele é o relator de todos os processos ligados aos ataques de 8 de janeiro.

Críticos do Supremo argumentam que os responsáveis por executar os ataques não deveriam ser julgados pela Corte, por não terem direito a foro por prerrogativa de função.

O mais grave é que os correligionários de Lula e Bolsonaro acomodam-se por desfrutarem de liberdade na disseminação de suas teses. Nem se fala em diálogo, gesto conciliatório proposto pelo governo, ação coletiva suprapartidária. Ao contrário, as tensões aumentam dia a dia, enquanto a Nação espera enxergar “uma luz no final do túnel” .

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário