segunda-feira, 1 de julho de 2024

OPINIÃO DOS JORNAIS FRANCESES SOBRE PRIMEIRO TURNO DAS ELEIÇÕES


 Ney Lopes

O que dizem os jornais franceses sobre o resultado do primeiro turno das eleições legislativas no país.

Perante este cenário, são vários os jornais que pedem que a coligação presidencial faça um apelo, sem ambiguidades, a que os seus eleitores votem num candidato de esquerda na segunda volta das legislativas para impedir a Extrema-Direita de aceder ao poder.

Le Monde, num editorial com o título "a urgência de uma frente republicana", lamenta que, na noite de domingo, vários responsáveis políticos da maioria presidencial tenha sido ambígua nesse apelo, dando o exemplo do ex-primeiro-ministro Edouard Philippe, que defendeu que "nenhuma voz deve ir para os candidatos da União Nacional nem para a França Insubmissa".

"Perante a gravidade da situação, este tipo de subtilezas são imperdoáveis: contribuem para banalizar o voto na Extrema-Direita, numa altura em que temos muito pouco tempo para tentar construir um último sobressalto, mobilizando todos os eleitores comprometidos com a República", lê-se.

Também o jornal de esquerda Libération defende que "só uma frente republicana poderá impedir o pior" na segunda volta, puxando para a manchete o título "depois do choque, unir-se em bloco", com uma imagem a preto e branco de Bardella.

"O chefe de Estado atirou a França para debaixo do camião, que está agora estacionado à frente da porta de Matignon [residência oficial do primeiro-ministro], à espera tranquilamente pela segunda volta. A única maneira de lhe fazer frente é criando uma frente republicana para a esquerda", defende o partido.

Também o jornal comunista L'Humanité considera que é agora necessário "fazer frente", acrescentando que só "um sobressalto republicano pode impedir a Extrema-Direita de aceder ao poder".

"A França não está condenada a viver um pesadelo. É verdade que a União Nacional está muito forte, mas não é invencível. Pode e deve ser derrotada. Se houver uma união dos eleitores, a União Nacional vai ser derrotada, na maior parte dos casos por candidatos da Nova Frente Popular. A esperança não morreu", lê-se no jornal.

Também o jornal católico La Croix salienta que, apesar de a primeira volta se ter traduzido numa "derrota pessoal" para Emmanuel Macron, ainda pode "surgir, de entre o meio da desordem atual, uma maioria que esteja à altura dos valores da República".

Um dos problemas para convencer os eleitores 'macronistas' a participar nessa frente republicana é a personalidade do líder da França Insubmissa, Jean-Luc Mélenchon, que, segundo o La Croix, "faz figura de espantalho" para vários eleitores.

É precisamente a figura do líder da França Insubmissa que o jornal conservador Le Figaro puxa para a capa, com a manchete "começa agora a batalha entre Bardella e Mélenchon" e uma imagem que retrata os dois líderes políticos.

No editorial, com o título "tragédia francesa", o Le Figaro é muito crítico da decisão de dissolver a Assembleia Nacional tomada pelo Presidente francês, considerando que se traduziu num "desastre".

"Que campo de ruínas! O chefe de Estado tinha prometido 'travar o caminho aos extremos': nunca cresceram tanto", lê-se no jornal, que toma agora partido pela candidatura da União Nacional, considerando que a Nova Frente Popular (Nouveau Front Populaire, em francês) propõe uma "ideologia que levaria à desonra e à ruína do país".

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