Foto: Vídeo mostra exército libanês tentando conter confusão durante a manifestação marcada por violência armada. (Maya Yahya via Twitter)
Homens armados abriram fogo contra uma manifestação organizada pelo Hezbollah e pelo movimento Amal nesta quinta-feira (14) em Beirute, capital libanesa, matando seis pessoas e deixando pelo menos 30 feridas, de acordo com a Cruz Vermelha. O Hezbollah acusou as Forças Libanesas - um movimento rival cristão de direita - pelo ataque, estabelecendo um confronto entre os dois grupos armados.
A manifestação tinha sido originalmente organizada para protestar contra o juiz Tarek Bitar, depois que a mais alta corte do Líbano rejeitou uma petição para substituí-lo. Ele é o segundo juiz a liderar a investigação de uma explosão que atingiu o porto de Beirute no ano passado e sofre grande oposição de vários partidos políticos libaneses, incluindo o Hezbollah. O juiz anterior, Fadi Sawan, foi retirado do cargo e substituído depois de tentar interrogar poderosos ex-ministros e líderes políticos sobre quem foi o responsável por permitir que 2.750 toneladas de nitrato de amônio fossem armazenadas em um depósito, ao lado de materiais explosivos como fogos de artifício, na orla de uma cidade lotada.
Enquanto as Forças Libanesas não reivindicaram o ataque, Imad Wakim, um legislador do grupo, disse em um tweet que o confronto não foi entre partidos ou facções, mas “entre o Hezbollah e o que sobrou de libaneses livres de todas as seitas, preservando o que restou de instituições governamentais”.
A subsecretária de Estado para Assuntos Políticos dos EUA, Victoria Nuland, expressou condolências pelo acontecido durante uma entrevista coletiva e anunciou uma ajuda de US$67 milhões ao exército, que tem lutado para superar a crise econômica que assolou o Líbano nos últimos dois anos.
Foi o confronto mais violento na cidade desde 2008, quando houve intensas batalhas nas ruas entre o governo apoiado pelos EUA e o Hezbollah, resultando em dezenas de mortes. André Lajst, cientista político, diretor executivo da StandWithUs Brasil e especialista em assuntos do Oriente Médio, explica que “o cenário político libanense é baseado em uma divisão de poderes entre vários grupos, entre eles, o Hezbollah. Isso gera impasses em tomadas de decisão e entraves em relação a investigações que envolvam quem está no poder, inclusive a da explosão de 2020, que matou mais de 200 pessoas. Na posição em que se encontra, o Hezbollah vai usar todos os recursos que tem para barrar suspeitas contra si e seus aliados, pois não querem ser acusados ou descobertos”.
*Com informações do The Washington Post
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