O empresário Bruno Bueno de 30 anos falou sobre racismo velado no mercado de tecnologia
O setor industrial Brasileiro é um dos mais potentes do mundo. Entre segmentos como automobilístico, petroquímico, alimentares, de minerais não metálicos, soja, têxtil, de vestuário, metalúrgica e eletrônicos, a tecnologia é a grande aliada para otimização da produção de diversos tipos de fábricas e fortalece um outro grande setor no país, o de empresas que oferecem reparos e soluções em tecnologia para as empresas donas dessas grandes fábricas do país.
O brasileiro Bruno Buenos de 30 anos, natural de São Paulo é um dos responsáveis por atender a demanda de manutenção de boa parte dessas indústrias. Ele é o CEO e fundador da Ozora Soluções, empresa brasileira de tecnologia posicionada entre as principais do mercado em manutenção e reparos de equipamentos industriais do país.
Em entrevista, Bruno contou que algumas das dificuldades que encontrou durante sua jornada no setor e que vivencia até hoje são o racismo e colorismo: ‘’A situação aqui no Brasil é velada. Eu sou preto, filho de mãe preta. Tem a questão do Colorismo, pois eu posso não ser 'preto o suficiente' para o outro preto, e para o branco ‘eu não sou branco suficiente', mas eu sou preto como Tupac, Malcom X, Martin Luther King, Mano Brown. E eu não tenho que ficar me autoafirmando enquanto preto, eu tenho que ser respeitado por isso’’ disse o empresário.
O colorismo é um preconceito que pode acontecer entre pessoas de pele negra, mas, assim como o racismo, funciona de forma estrutural na sociedade brasileira e está ligado ao processo de embranquecimento no país, criando relações e cenários desiguais, de acordo com o tom da pele.
Para Bruno é importante que assuntos como estes sejam amplamente discutidos: ‘’Se as pessoas da nossa geração ampliarem a discussão sobre privilégios e igualdade, este será um legado para o futuro. E o futuro pode ser muito em breve, com nossos filhos, nossos netos. É preciso uma grande conscientização, principalmente com o mais velhos. Muitas vezes eu sento em uma mesa de reunião com vários homens brancos e mais velhos e é nítida a constante tentativa de descredibilização por eu ser mais jovem, ser tatuado, negro. Mas tudo isso se torna combustível para uma conscientização que está no caminho e fico orgulhoso de compartilhar minha experiência para que outros não passem pelo mesmo’’, finalizou o empresário.
O relato de Bruno, faz muito sentido. Segundo Dados do IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística mostram que 54% da população brasileira é negra, mas apenas 17% estão entre os mais ricos. Ainda de acordo com o IBGE, os brancos chegam a receber até 68% mais do que brancos pelo mesmo trabalho em setores como indústrias, comércios e prestação de serviços. A Desigualdade é ainda maior nos cargos de chefia. Somente 29,9% dos cargos gerenciais são exercidos por pretos ou pardos.
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