sexta-feira, 17 de setembro de 2021

Caicó, como eu sinto.



Eu sinto com a saudade de mamãe

Numa saudade que amolece os dias

Com as suas lembranças

Nos gestos dos meus parentes

Na sabedoria e verve do meu tio Zé Paulino

No frio ao atravessar de madrugada

O açude para minha morada inicial

Meu pai me protegia

Meu tio me assustava me jogando um preá

Eu sinto Caicó com todo o meu ser

Nos passos de dança da minha mãe na juventude

Em papai fazendo chapéu de couro

E depois vindo tentar a vida em Natal

Dedinha pai de Chico Alves lhe dando força

Meu amado tio João Caicó

Baluartes e exemplos de uma vida

Que pulsa e grita nas minhas veias

Caicó, queiquó, cuó

Poço de Santana

Moxotó, camará, catingueira

Sustentam a vida

A chuva desperta a terra num

Odor de zimbro e chumbo

Meu sertão caritó

Thomas- o filho – cronista

De homens-ferros,

Cachimbos, galegos

Judeus e Portugueses

A rede suspende a vida – letargia -morte

Meu avô morreu de cezão aos 33 anos

O bisavô mestre-escola

Minha avó dormia só uma madorna e

Faleceu de arteriosclerose.

Mamãe solidão

Que não cabe na noite

Vivendo estamos doendo

Não há fim para essa lembrança.

Engenho torto

Açúcar o sangue

Chouriço espécie

O sol a carne

Queijo de coalho e linguiça

Ninguém entende

Sefus gões

Quadrivium

Guerra – o Padre e

Sant´ana a nos proteger


João da Mata 


Nenhum comentário:

Postar um comentário