Eu sinto com a saudade de mamãe
Numa saudade que amolece os dias
Com as suas lembranças
Nos gestos dos meus parentes
Na sabedoria e verve do meu tio Zé Paulino
No frio ao atravessar de madrugada
O açude para minha morada inicial
Meu pai me protegia
Meu tio me assustava me jogando um preá
Eu sinto Caicó com todo o meu ser
Nos passos de dança da minha mãe na juventude
Em papai fazendo chapéu de couro
E depois vindo tentar a vida em Natal
Dedinha pai de Chico Alves lhe dando força
Meu amado tio João Caicó
Baluartes e exemplos de uma vida
Que pulsa e grita nas minhas veias
Caicó, queiquó, cuó
Poço de Santana
Moxotó, camará, catingueira
Sustentam a vida
A chuva desperta a terra num
Odor de zimbro e chumbo
Meu sertão caritó
Thomas- o filho – cronista
De homens-ferros,
Cachimbos, galegos
Judeus e Portugueses
A rede suspende a vida – letargia -morte
Meu avô morreu de cezão aos 33 anos
O bisavô mestre-escola
Minha avó dormia só uma madorna e
Faleceu de arteriosclerose.
Mamãe solidão
Que não cabe na noite
Vivendo estamos doendo
Não há fim para essa lembrança.
Engenho torto
Açúcar o sangue
Chouriço espécie
O sol a carne
Queijo de coalho e linguiça
Ninguém entende
Sefus gões
Quadrivium
Guerra – o Padre e
Sant´ana a nos proteger
João da Mata
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